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Título
As universidades e a participação pública em ciência. Perceções e práticas de cientistas, profissionais de comunicação e cidadãos em Portugal e Espanha
Autor(es)
Director(es)
Materia
Tesis y disertaciones académicas
Universidad de Salamanca (España)
Academic Dissertations
Ciencia
Universidades
Clasificación UNESCO
6306.08 Sociología de la Ciencia
Fecha de publicación
2015
Resumen
[POR] A participação pública em C&T tem sido cada vez mais reconhecida como desejável para fazer face aos
desafios sociais e ambientais que a humanidade enfrenta (e.g. Irwin, 2006; Phillips, Carvalho & Doyle,
2012; Wynne, 2006), favorecendo uma mútua aprendizagem entre os públicos e a comunidade
científica, consolidando a cidadania e promovendo a credibilização e a legitimação social da ciência e
dos cientistas. Na maioria dos países do norte da Europa, procedimentos participativos já fazem parte
das políticas nacionais de regulação de diversos campos da ciência. Em Portugal e Espanha, no
entanto, os incentivos para essa participação são ainda bastante limitados (Felt, 2003; European
Commission, 2010, 2011, 2012, 2014a, 2014b; Hagendijk & Irwin, 2006).
Como atores-chave na produção de conhecimento científico, as instituições de ensino superior (IES)
podem ter um papel importante na promoção desse envolvimento cidadão. No entanto, estudos sobre
a forma como se envolvem os vários atores académicos na comunicação de ciência, o papel dos
diferentes agentes sociais nesse envolvimento e as dinâmicas institucionais nestes processos são,
porém, relativamente escassos (Ashwell, 2012; Chilvers, 2012; Holdsworth & Quinn, 2010),
particularmente no caso de universidades.
Utilizando uma variedade de instrumentos de pesquisa – análise documental, entrevistas, questionário
e grupos focais – e focando-se no caso concreto das alterações climáticas, esta tese analisa perceções
e práticas sobre a forma como os portugueses e os espanhóis têm vindo a ser chamados a participar
em debates sobre ciência pelas suas IES, identifica fatores que têm inibido a sua participação e sugere
medidas que podem ser adotadas pelas IES para gerar interesse nos cidadãos por essa participação.
Este estudo é complementado com uma análise crítica das potencialidades de mudança a partir de
uma comparação com práticas desenvolvidas no Reino Unido e na Dinamarca.
A investigação realizada sugere que a atuação dos cientistas e dos profissionais de comunicação a nível
da comunicação de ciência é bastante influenciada pela cultura organizacional das instituições
científicas, pelos recursos que lhe são disponibilizados, pelas relações que estabelecem entre si e pela
forma como percecionam as potencialidades do envolvimento cívico. Quanto aos cidadãos, ainda que
tenham uma perceção bastante clara dos benefícios da sua participação, uma parte significativa dos
inquiridos denotou algum descrédito em relação à capacidade decisória do cidadão, sendo esta
questão uma das principais barreiras à sua agência.
Portanto, um maior compromisso por parte dos cientistas, dos profissionais de comunicação e dos
cidadãos numa interação mais dialógica pode estar dependente, por um lado, de uma mudança nas
estruturas e nas políticas das IES que favoreça a criação de mecanismos de apoio, práticas de
formação e a oferta de incentivos destinados aos cientistas e aos comunicadores, e, por outro lado, da
implementação de instrumentos que facilitem o acesso dos cidadãos à informação e que incentivem e
estimulem oportunidades de interação e mútua aprendizagem entre os vários atores sociais.
URI
DOI
10.14201/gredos.129712
Colecciones
- TD. Ciencias sociales [1283]