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Título
(In)submissôes em clave Moçambicana: visôes do feminino na obra romanesca de Paulina Chiziane e de Mia Couto
Autor(es)
Director(es)
Materia
Tesis y disertaciones académicas
Universidad de Salamanca (España)
Tesis Doctoral
Academic dissertations
Literatura mozambiqueña
Chiziane, Paulina
Couto, Mia
Crítica e interpretación
Clasificación UNESCO
6202 Teoría, Análisis y Crítica Literarias
Fecha de publicación
2018
Resumen
[POR]A literatura pós-colonial, sobretudo através das suas obras ficcionais, dedica especial
atenção a questões como a identidade ou as diferentes formas de violência resultantes do
passado colonial e pós-colonial, sob a herança do colonialismo, mas também resultantes de
novas organizações sociais e políticas que resultaram em formas de violência que se abatem
sobretudo sobre as mulheres.
As narrativas ficcionais de Mia Couto e Paulina Chiziane, particularmente os
romances, inscrevem-se na literatura pós-colonial moçambicana e constituem um importante
registo documental para o conhecimento da estrutura social moçambicana bem como para a
própria evolução literária do país no pós-independência. Estes dois autores são uma
referência no mundo da lusofonia e que em muito dignificam a língua portuguesa na sua
expressão particular. As suas obras representam mundividências moçambicanas, cujos
valores se reportam a uma universalidade incontestável e que pretende contribuir para uma
nova ordem política, social e moral. Assim, as narrativas ficcionais, que congregam um
campo complexo e heterogéneo de estudos e pesquisas, são também objeto primordial de
estudo nos domínios da Literatura Comparada e dos Estudos Culturais, por se constituírem
como áreas relativamente recentes
Existem pontos de convergência entre os dois romancistas que coabitam o espaço
moçambicano e que partilharam experiências políticas e pessoais. Contudo, as questões de
género e de proveniência social ditaram algumas diferenças no olhar perante a realidade
moçambicana bem como na construção das suas obras ficcionais.
As vivências no feminino são tema privilegiado de Mia Couto e Paulina Chiziane.
Ainda que o espaço ocupado na diegese seja, por vezes, diverso em ambos os autores, assim
como a relevância que adquirem nas obras em estudo, é notória a importância que ambos
delegam nestas figuras. Elas afirmam-se pela frequência com que aparecem nas narrativas e
pelos contornos que as definem, marcam o seu espaço na diegese pelas funções que
assumem, pelo discurso assim como pelas atitudes. Com efeito, elas são as vítimas
privilegiadas das contradições e injustiças da sociedade colonial e pós-colonial, por isso, não
raro, estas personagens aparecem divididas entre a submissão e a rebeldia, assim como entre
a tradição e a modernidade.
Em comum com as mulheres moçambicanas, as personagens femininas de Mia
Couto e Paulina Chiziane partilham a imensa coragem no modo como encaram a sua sorte.
Procuram ultrapassar as contrariedades que as oprimem, sem, contudo, renegar o seu enraizamento em valores gregários e comunitários. Deixam transparecer várias qualidades
que as elevam do mundo em que vivem, para tal recorrem ao domínio da oralidade e das
estórias, refugiam-se nas crenças ou transgridem as forças patriarcais que as aprisionam,
revelando uma coragem fora do comum.
Em suma, a obra romanesca de Mia Couto e Paulina Chiziane faz uso das linhas
contemporâneas de escrita, revelando opções estéticas e literárias que refletem o imaginário
e as tradições ancestrais e míticas do espaço moçambicano, recusando um mundo
estereotipado em que as questões de género, marcadas por um domínio falocêntrico do
território, se sobrepõem às opções individuais e à dignidade humana. [EN]Post-colonial literature, particularly in what concerns fiction, gives special atention to
issues like identity or violence resulting from the colonial and post-colonial past, under de
colonialist heritage, but which are also a result of new social and political organizations that
turn into forms of violence that are a heavier burden for women.
Mia Couto and Paulina Chiziane’s novels belong to the Mozambique post-colonial
literature and are important to get to know de mozambican social structure after
Independence. Both authors are a reference in the lusofonia world andthey really dignify the
african literature in portuguese language. Their books represent mozambican worldviews
whose values report to an unquestionable universality that aims to contribute to a new
political, social and moral order. Though, the ficional narratives, which gather a complex and
heterogeneous field of research and studies, are also a main object to the Comparative
Literature and Cultural Studies.
There are convergence points between the two novelists who live in the same
country, have the same age and shared personal and political experiences in the past.
However, gender and social origin have imposed some differences in the way they see reality
in Mozambique as well as in the way they build their narratives.
The female personal experiences are a privileged theme to Mia Couto and Paulina
Chiziane. Even though they occupy different roles in the diegesis created by these authors,
it is notorious the importance they both give to the feminine characters and visions. As they
assert themselves by the frequence of their appearance in the stories and by the contours that
define them, they take their space in the diegesis by their roles, speech and attitudes. In fact,
they are the main victims of the contradictions and insjustices of the colonial and postcolonial
society, so, frequently, these characters become divided between submission and
rebellion, as well as between tradition and modernity.
Just like the mozambican women, Mia Couto and Paulina Chiziane’s feminine
characters share the great courage in the way they face their destiny. They try to overcome
the adversities that opress them without denying their incrustration in gregarious and
community values. They show several qualities which elevate them above the ordinary world,
turning to the oratura and story telling, hiding in the believes or transgressing the patriarcal
norms which imprison them, unveiling an unusual courage.
In short, Mia Couto and Paulina Chiziane integrate the contemporary writing style
with literary and esthetics options that reflect the imaginarium and the ancestral and mythical traditions in Mozambique, but they also refuse the stereotyped world where gender,
subjugated to phallocentric practices, overlap the individual options and human dignity.
URI
DOI
10.14201/gredos.139720
Colecciones